O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deflagrou, nesta terça-feira (12), a segunda fase da Operação Reação Adversa, que investiga um esquema de falsificação e comercialização de medicamentos para uso humano e veterinário no Sul de Minas. A ação, coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) de Passos, contou com apoio das polícias Militar e Civil e das unidades regionais do GAECO em Varginha e Ribeirão Preto (SP).
Ao todo, 19 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas cidades de Campo do Meio, Boa Esperança e Campo Belo (MG), além de Ribeirão Preto (SP). Quatro pessoas foram presas em flagrante durante as diligências.
Segundo o MPMG, os agentes apreenderam cerca de 3.900 comprimidos, 164 seringas de enoxaparina, dezenas de frascos de medicamentos e cosméticos falsificados, R$ 11 mil em espécie, munições calibre 32, celulares e notebooks. Também foram encontradas embalagens, rótulos e caixas prontas para o acondicionamento de produtos que imitavam medicamentos autorizados pela Anvisa.
A operação mobilizou 92 policiais militares, além de um helicóptero da 6ª Base Regional de Aviação do Estado de Minas Gerais, usado para dar suporte logístico e monitoramento aéreo.
Estrutura criminosa complexa
As investigações revelam que o grupo criminoso mantinha uma rede de falsificação e distribuição de medicamentos com ramificações em diferentes cidades e até em outros estados. A estrutura incluía métodos de fabricação clandestina, uso de empresas de fachada, contas bancárias em nome de terceiros e dezenas de lojas virtuais.
De acordo com o MPMG, na primeira fase da operação — realizada meses antes — foram identificadas cerca de 40 lojas online ligadas ao esquema, responsáveis por mais de 10 mil anúncios ou vendas de medicamentos falsificados. Os produtos eram comercializados em plataformas de e-commerce e redes sociais, o que dificultava o rastreamento e permitia o alcance nacional.
Os investigadores apontam que o grupo falsificava tanto medicamentos de uso humano quanto produtos veterinários, incluindo antibióticos, anabolizantes e medicamentos injetáveis de uso controlado.
Risco à saúde pública
Para o MPMG, o caso representa um grave risco à saúde pública, já que os produtos falsificados não passam por controle sanitário, podem conter substâncias tóxicas ou inertes e não têm comprovação de eficácia.
“Medicamentos falsos são uma ameaça silenciosa. Eles podem agravar doenças, causar reações adversas graves e até levar à morte. Por isso, é essencial que a população compre produtos apenas em locais autorizados e verifique o registro na Anvisa”, alertou o órgão em nota oficial.
As autoridades reforçam que a população deve denunciar a venda de remédios sem procedência e evitar comprar medicamentos com preços muito abaixo do mercado, especialmente em plataformas digitais e farmácias sem autorização sanitária.
Próximos passos da investigação
Os materiais apreendidos passarão por perícia técnica, que deve identificar a origem dos insumos e a composição dos medicamentos. A partir disso, o MPMG pretende rastrear a cadeia de produção e distribuição, localizar eventuais fornecedores e identificar os líderes da organização criminosa.
Os investigados poderão responder por falsificação de medicamentos (art. 273 do Código Penal), associação criminosa, crime contra a saúde pública e lavagem de dinheiro. As penas podem ultrapassar dez anos de prisão.
Contexto e importância
Casos de falsificação de medicamentos têm crescido no Brasil nos últimos anos, impulsionados pela facilidade de venda online e pela dificuldade de rastrear o comércio irregular em plataformas digitais. Especialistas defendem ações conjuntas entre Ministério Público, Polícia, Anvisa e Receita Federal para reforçar a rastreabilidade de insumos e combater o tráfico de substâncias ilícitas.
A Operação Reação Adversa é considerada um marco no enfrentamento a esse tipo de crime em Minas Gerais, e segue em andamento para desarticular completamente a rede de produção e venda ilegal.
Serviço à população:
O MPMG orienta os consumidores a sempre verificar o registro dos medicamentos no site da Anvisa, exigir nota fiscal, e denunciar irregularidades por meio do canal oficial do Ministério Público de Minas Gerais ou da Vigilância Sanitária local.
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