O último fim de semana foi marcado por fortes temporais e ventos extremos provocados por um ciclone extratropical que atingiu os estados do Sul e Sudeste do Brasil. O fenômeno causou enchentes, destelhamentos, quedas de árvores e interrupções de energia elétrica, além de deixar ao menos seis pessoas mortas e dezenas de feridos, segundo balanços divulgados pelas Defesas Civis estaduais.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o ciclone formou-se sobre o oceano, próximo ao Rio Grande do Sul, e avançou em direção ao Paraná e Santa Catarina. Em alguns pontos, as rajadas de vento ultrapassaram 250 km/h, e o volume de chuva acumulado em 24 horas superou 150 mm — mais que o esperado para todo o mês de novembro.
No Paraná, os ventos derrubaram torres de energia e provocaram o desligamento de linhas de transmissão, deixando milhares de residências sem luz. Cidades como Curitiba, Ponta Grossa e Guarapuava registraram alagamentos e danos estruturais. Em Santa Catarina, a Defesa Civil confirmou três mortes relacionadas aos temporais, além de pontes e estradas interditadas.
No Rio Grande do Sul, que já havia enfrentado tragédias anteriores neste ano por causa das chuvas, o solo encharcado agravou os deslizamentos de terra. O fenômeno também afetou o litoral norte de São Paulo, onde rajadas de vento chegaram a 109 km/h, derrubando árvores e desalojando ao menos 18 pessoas, de acordo com a Defesa Civil paulista.
Contexto climático
Especialistas afirmam que eventos como o ciclone registrado no fim de semana estão diretamente ligados à crise climática global. O aumento da temperatura média da Terra, causado pela emissão de gases de efeito estufa, faz com que a atmosfera retenha mais umidade e energia. Essa combinação favorece chuvas mais intensas, ventos mais fortes e fenômenos extremos mais frequentes.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil tem vivido os efeitos dessa instabilidade, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, que alternam períodos de seca severa e enchentes históricas. O El Niño, ativo neste ano, potencializa ainda mais esse cenário ao alterar o regime de chuvas e a circulação atmosférica.
Com o enfraquecimento do sistema, o ciclone se afastou da costa brasileira no domingo (9), mas o Inmet manteve alerta vermelho para parte dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, por conta da previsão de novas chuvas e ventos fortes nos próximos dias.
As autoridades seguem em estado de atenção, monitorando áreas de risco e prestando assistência a famílias atingidas. O governo federal informou que deve liberar recursos emergenciais para a reconstrução de cidades afetadas e reforçar a estrutura da Defesa Civil nas regiões mais vulneráveis.
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